17 dezembro 2008

Bach e a Música para Violão

Algumas peças de Bach se adaptam perfeitamente ao violão, a única tarefa é definir a digitação e lemos em algum lugar que "a digitação é a alma do negócio, quando falamos em violão. A partir de determinada digitação podemos complicar ou facilitar a execução de um trecho, e também interferir na sonoridade da música".

Frequentemente meus professores marcavam na partitura uma digitação mais amigável. Lia-se no método "A Escola de Tárrega" de Oswaldo Soares, que infelizmente emprestei para um "amigo" que "esqueceu" de mo devolver, que "o professor deve descer quase ao nível do aluno". Minha professora e amiga, a uruguaia Maria Haro, tinha essa sensibilidade. Infelizmente não pude continuar sob sua orientação. Todos meus professores foram altamente competentes mas a Haro está lá no pódio tomando champanhe. Vocês terão a oportunidade de conhecê-la aqui neste espaço.

Algumas peças de Bach, como a Chaconne, para violino, depois de executadas ao violão não deixaram saudade do instrumento para o qual foram originalmente destinadas. E assim outras peças magistrais como a que apresentamos neste artigo.

O executante é John Williams, homônimo do maestro que compôs trilhas para o filme Jurassic Park e outros, de Steven Spielberg, além de Star Wars e Indiana Jones, de George Lucas e também Harry Potter e Superman.

O violonista clássico John Williams, afinal de contas, não era de ferro, e ouvi dizer que criou sua própria banda de rock tomando conta, lógico, da guitarra solo.

Vamos ouvir, a seguir, Prelude from lute suite 4, BWV 1006. Eu não aprendi ainda como deve meu espírito se comportar diante de tão magnífica, superb, como dizem os de língua inglesa, audição; se devo ostentar nos lábios um contido sorriso pela compreensão e reconhecimento do virtuosismo do artista ou se deixo descer pelo canto do olho uma furtiva lágrima tentando compreender por que maravilhosos caminhos a inspiração do autor quis nos conduzir.

16 dezembro 2008

Segovia, o Pelé do Violão

A alguns poderá parecer heresia tal comparação, porém, como igual a Edson Arantes do Nascimento dificilmente aparecerá outro jogador, também na esfera do violão não é fácil imaginar um outro Andrés Segovia.

Fritz Kreisler, lendário violinista americano nascido na Áustria, disse certa vez que os dois maiores músicos atuantes do século vinte eram Pablo Casals e Andrés Segovia. Ele tinha duas importantes razões para afirmá-lo: primeiro, seus extraordinários sensos artísticos e, segundo, o fato de que ambos elevaram seu instrumento escolhido a níveis sem precedentes no palco do concerto internacional.

"Minha vida tem sido uma linha ascendente, lenta, mas linha ascendente. Veio, tudo veio, mas eu não estava distraído, não para responder a outro chamado. Nisso consiste o milagre da minha vontade, em persistir no caminho que tomei. O resto estava nas misteriosas estrelas do meu firmamento".

Andrés Segovia

Outro não poderia ser o músico escolhido para iniciar nossa série; pela sua incontestável genialidade, por ter dado ao violão, definitivamente, a condição de instrumento de concerto, por toda a sorte de acontecimentos que cercaram sua trajetória, alguns com sabor de lenda. Dizia-se que Segovia nem sempre se mantinha atencioso e paciente com as pessoas. A um critíco que lhe perguntava porque dava um andamento tão rápido a determinada peça, respondeu apenas: "Porque eu posso".

Perguntado sobre se executava outros gêneros musicais, o flamenco, por exemplo, Segovia respondeu que tocava o flamenco, mas apenas para lembrar-se do tempo em que se tocava bem o flamenco.

Johann Sebastian Bach
Violin Sonata BWV 996 Sarabande e
Violin Partita BWV 1006 Gavotte en Rondeau